sábado, 28 de novembro de 2009

A VISÃO DA COXIA

"A casa das lembranças perdidas", da australiana Kate Morton, foi um fenômeno de vendas na Inglaterra, onde ultrapassou o patamar de um milhão de exemplares lidos. A história não podia ser mais autorreferentemente britânica. A queda de uma família tradicional, os Ashbury, vista pelos olhos de uma criada, Grace, que começa como arrumadeira, passa a camareira, e termina seus dias alforriada, com doutorado numa universidade e de bem com a vida, exceto por um detalhe. Nunca conseguiu superar sua relação com a família que a acolheu aos 14 anos, nem as lembranças das tragédias de que foi testemunha e coadjuvante.
É da rotina de Grace na casa de Riverton que tratam os primeiros capítulos do livro, ricos em descrições como esta
" No centro da toalha de linho branco, nós espalhamos hera e arrumamos rosas cor-de-rosa ao redor de fruteiras de cristal cheias de frutas. Estes enfeites me agradavam; eram muito bonitos e combinavam perfeitamente com o melhor aparelho de jantar de milady- um presente de casamento, Nancy disse, dos Churchill, nada menos".
A visão de jantares, festas, a partir da coxia, da cozinha, do corredor onde os criados se revezavam pegando os pratos e repassando-os para a copa, é uma das criações mais notáveis de Kate Morton.
"Eu observava encantada enquanto um prato atrás do outro de comidas maravilhosas era despachado lá para cima- sopa de tartaruga, peixe, miúdos, codorna, aspargos, batatas, tortas de damasco, manjar branco- e desciam pratos sujos e travessas vazias".
Ou
" O peixe seguiu-se à sopa de ervilhas, o faisão veio em seguida ao peixe e tudo estava indo bem. Nancy aparecia de vez em quando lá embaixo, fornecendo informações bem-vindas do decorrer da festa. Embora trabalhando uma velocidade fantástica, a Sra.Towsend nunca estava ocupada demais para uma atualização do desempenho de Hannah como anfitriã. Ela balançou afirmativamente a cabeça quando Nancy anunciou que, embora a Srta. Hannah estivesse se saindo bem, seus modos ainda não eram tão charmosos quanto os da avó".
Abaixo, a receita ( estilizada) do que poderia ser uma das especialidades da cozinheira da mansão Riverton, a Sra.Towsend, cujas tortas de "massa dourada e crocante" nunca eram suficientemente elogiadas.

TORTA DE FRANGO E COGUMELOS

recheio
2 colheres de sopa de óleo
1 cebola picada
1 dente de alho amassado
125 g de cogumelos fatiados
1 colher de sopa de farinha de trigo integral
2 xícaras de caldo de galinha
500 g de frango cozido e cortado em cubinhos
1 colher de sopa de salsa picada
sal e pimenta


massa
250 g de farinha de trigo integral
1 pitada de sal
125 g de margarina ou manteiga
2 ou 3 colheres de sopa de água
1 ovo para pincelar

Coloque a farinha e o sal numa tigela e acrescente a manteiga, mexendo até a mistura lembrar migalhas de pão. Junte a água e misture até obter uma massa firme. Leve ao refrigerador por 15 minutos..
Enquanto isso, aqueça o óleo num panela e frite a cebola até que fique macia. Adicione o alho e os cogumelos e cozinhe o caldo e mexa até misturar completamente. Leve novamente ao fogo e ferva, mexendo até engrossar. Adicione os ingredientes restantes e tempere a gosto com o sal e a pimenta. Misture bem e transfira para uma travessa com capacidade para 1,2 l.
Abra a massa de modo a obter um diâmetro de 5 cm a mais que o do prato. Recorte uma tira fina ao redor da massa e pouse-a sobre a borda umedecida do prato. Umedeça a tira e depois cubra com a massa, pressionando as bordas firmemente.
Acerte as beiradas, decore com folhas feitas dos restos recortados das bordas e faça um buraco no centro. Pincele com o ovo batido e asse em forno preaquecido, moderamente quente, por 30 min, até dourar. Sirva quente.

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